domingo, 19 de junho de 2011

estudo de redação

Rotina
Sentado no ônibus a espera do poste. Já concentrado em assuntos familiares como a separação e os problemas com a criança, a aflição do poste me trazia à mente assuntos ainda mais peculiares, como o meu desenvolvimento na empresa, as vendas que consegui, a cota atingida. E o poste não passava.
Preso nas lembranças do serviço lembrei da estagiária, a novata de uma semana atrás -o poste passou.
Imediatamente me levanto, preso na sensação de calor e sufoco que acompanha a rotina do ônibus, apertei o botão para descer. O ônibus ainda incessante avançava a avenida trêmula que com pouco esforço empurrou a todos à direita, que para mim, abriu uma brecha, ainda apertada, para chegar ao fim do corredor.
Agora eu só me concentrava nisso, passo a passo fui vagando entre pedidos de desculpa e licença que me permitiram passagem. Com a perna presa consegui chegar até a porta, que abriu assim com minha chegada, sendo obrigado a sair, impulsionado pelos outros viajantes.
Sai do calor, sufoco e suor para o vento que me arranjava o rosto e trazia a brisa seca e fria ao meu corpo. Voltando para as preocupações, lembrando da esposa ou mesmo ex-esposa com o futuro filho - e que agora o poste tornou-se passado-, centrado na família fui caminhando em torno da esquina, na busca de poder ver a rua por inteiro, assim que entrasse nela. Inevitável. Num tropeço, a perda de equilíbrio me jogou diante do carro estacionado, consegui por pouco me segurar para não cair e assim me impor novamente, tudo em uma questão de segundos.
Já estabilizado continuei a caminhada, agora com os pensamentos voltados ao incidente que ocorrera e na roupa suja que o sereno e o carro me trouxe ao cotovelo. Num gesto inútil na busca de limpar o cotovelo, segui a rua. Toda a atenção agora era para o incidente e suas justificativas racionais, e por um instante, não sei porquê, já distante do local próximo a esquina, procurei o nome do carro na memória. Qual era o nome? A cor eu lembro, era um branco sujo, mas a marca? E o fabricante? Inútil.
-Para que se preocupar com a marca do carro? -sussurrava enquanto insistia limpar o cotovelo.
E assim houve sua mínima distorção rotineira.

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